O primeiro dia da Cimeira Portugal sobre Energias Renováveis ​​não poderia ter sido mais abrangente. O debate incluiu temas como o mercado europeu de eletricidade, a nova diretiva das energias renováveis, o plano de ação para as redes de distribuição, os desafios do Plano Nacional de Energia e Clima para 2030 (PNEC2030) e a fiscalidade no setor elétrico. Cinco painéis de discussão com cerca de 30 palestrantes (veja a lista completa de participantes AQUI). Estas são algumas das principais conclusões.

O novo desenho do mercado

  • Este ano, a Comissão Europeia (CE) aprovou um novo desenho do mercado da electricidade com medidas para proteger os consumidores, mas com menos alterações naquilo que os produtores mais queriam e que, dizem, serviria também para proteger os consumidores: o mercado diário onde as pessoas compra e vende a eletricidade produzida.
  • “Saíram muito do desenho anterior”, afirma Jorge Vasconcelos, presidente do NEWES, acrescentando que isso impede que se avancem.
  • No entanto, para Ricardo Nunes, diretor de estratégia do Operador Ibérico do Mercado Energético (OMIP), o novo desenho incentiva a utilização de outros mecanismos de compra e venda como os contratos por diferença (CFD), o mercado de futuros ou os contratos de venda de longo prazo (PPA). ). “Temos novos jogadores e novos tipos de contratos, o que não acontecia antes.”
  • Ainda assim, para Maria de Athayde Tavares, responsável pela área de regulação e direito público do escritório Linklaters, em Portugal não temos muitos PPAs porque temos muitos projetos com tarifas garantidas (feed in tarif) e não temos superempresas que fazem esses PPAs.

A importância das redes

  • Para Luís Cunha, vogal do conselho de administração da Entidade DSO, embora a transição energética já se fale há muitos anos, só em 2019 é que se começou a falar mais em redes de distribuição e por causa da capacitação dos consumidores, ou seja, por causa da o aumento de projetos descentralizados (produção solar doméstica, por exemplo), comunidades de energia ou carros elétricos. Todas as novas realidades que pesam nas redes, não só pelo aumento de consumo que trazem, mas também porque também injetam eletricidade na rede, o que antes não acontecia.
  • Além disso, percebeu-se que, para fazer todos os investimentos que estão previstos nas energias renováveis ​​na Europa, é necessário também investir em redes e, segundo Eduardo Teixeira, diretor de mercados e consumidores da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), o O custo esperado é de R$ 584 bilhões.
  • Por isso diz que “faz sentido ver como os sistemas regulatórios estão ou não preparados para este nível de investimento”.
  • Os operadores de rede dizem estar preparados para o esperado aumento da produção renovável e “sem custos adicionais” para o consumidor, afirma o COO da REN, João Conceição.
  • Há, no entanto, quem defenda que não há tanta necessidade de investimento em redes. “O kW mais barato é aquele que combina energia solar com armazenamento. Se tenho armazenamento, não preciso de tanta rede”, afirma Patrick Clerens, secretário-geral da Associação Europeia para Armazenamento de Energia.

Previsões para aumento do consumo

  • Os objetivos traçados pelos Governos Europeus para a transição energética baseiam-se numa previsão de aumento do consumo que ainda deixa em dúvida alguns especialistas e intervenientes do setor energético e das renováveis, em particular. É por isso que, no painel sobre os PNEC de Portugal e Espanha, os representantes de ambos os países foram unânimes em dizer que o que sempre pediram aos governos é que não estabeleçam objectivos irrealistas.
  • Mas mesmo assim, “aumentar o consumo dos 50 TWh que temos hoje para 90 TWh em 2030 é um pouco irrealista em Portugal”, afirma Jorge Mendonça e Costa, diretor executivo da Associação Portuguesa dos Grandes Consumidores Industriais de Energia Elétrica (APIGCEE). E mesmo que este consumo possa ser aumentado, “como vamos partilhar o fardo” dos investimentos que terão de ser feitos para satisfazer este consumo.
  • Na verdade, diz Cristina Torres Quevedo, diretora de regulação e finanças da União Fotovoltaica Espanhola, “o PNEC em Espanha carece de ambição na procura”, ou seja, há medidas de estímulo ao consumo elétrico, especialmente quando a eletrificação renovável é considerada o principal meio para alcançar a transição energética.
  • Porque diz Pedro Amaral Jorge, presidente da APREN, “sem procura não há energia renovável”.

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