A Câmara de Porto de Mós vai comparticipar consultas para utentes sem médico de família, no âmbito de um protocolo assinado hoje com a Misericórdia local e a Unidade Local de Saúde da Região de Leiria (ULSRL).

“Levando em consideração esse problema da falta de profissionais e, sobretudo, o fato de termos alguns cadastros de usuários descobertos há muito tempo, não se vislumbrando de imediato ou no curto prazo a contratação de eventuais médicos para a USF (Unidade de Saúde da Família ) Aire e Candeeiros, decidimos propor à ULSRL a possibilidade de assinar um protocolo conosco e com a Santa Casa da Misericórdia do Porto de Mós”, explicou à agência Lusa o presidente do município, Jorge Vala.

Segundo o prefeito, o protocolo, chamado “Bata Branca”, permite contratar médicos “para dois arquivos”, no total de 70 horas semanais, beneficiando usuários do Arrimal e Mendiga (um arquivo), e de Mira de Aire.

“São as duas situações que são mais críticas neste momento e que o município, tendo em conta a possibilidade de avançarmos para um projeto tripartido neste caso, decidiu também, como se diz na gira, abrir os cordões à bolsa, porque para nós a prioridade são, de fato, nossos munícipes e os usuários”, declarou Jorge Vala.

O prefeito esclareceu que o custo por hora é de R$ 43. A autarquia comparticipa com 17 euros e a ULSRL com 26 euros, sendo três euros para a entidade que faz a gestão e a contratação dos médicos, a Santa Casa da Misericórdia de Porto de Mós.

“Quarenta euros são para o médico”, precisou.

O presidente do município admitiu que em termos de atenção primária à saúde o município continua em duas velocidades.

“Temos a USF Novos Horizontes, que abrange as freguesias de Calvaria, Pedreiras e Juncal, que está funcionando bem”, disse, observando que “tem faltado um médico nesses últimos meses, mas a equipe tem sanado essa falha sem que os usuários tenham prejuízo em sua avaliação de atenção primária”.

Em outra parte do município, “a dificuldade tem sido substancialmente maior, talvez pela dispersão”, reconheceu Jorge Vala, atribuindo a situação também ao fato de duas médicas estarem em licença maternidade.

“Além dessas duas médicas afastadas ou de licença maternidade, ainda temos a falta de quatro médicos”, ressaltou.

O protocolo hoje assinado surge mais de dois anos após a entrada em funcionamento do plano de saúde de Porto de Mós (http://saude.portodemos.pt), disponibilizado pela Câmara à população.

“Devo dizer que o cartão de saúde, apesar de não ser um instrumento de substituição da atenção primária à saúde, tem sido uma resposta, ainda assim, bastante satisfatória”, defendeu o prefeito, exemplificando que neste ano foram feitas “cerca de mil consultas do médico em casa”.

Considerando que aquele número tem um “significado muito grande”, o prefeito sustentou que, em sua visão, “são menos mil pessoas que foram às emergências do hospital de Leiria” e ressaltou ainda o número crescente de consultas ‘online’.

“O cartão de saúde, sem ser uma substituição do SNS (Serviço Nacional de Saúde), é, de fato, uma resposta que tem se mostrado bastante eficaz para os usuários do município de Porto de Mós”, disse.

Em agosto passado, em um balanço sobre os dois anos de implantação do plano de saúde, a prefeitura revelou que mais da metade da população havia aderido à medida.

A USF Novos Horizontes tem sede em Juncal e polos em Pedreiras e Calvaria. A USF Aire e Candeeiros, na sede do município, tem polos em Mira de Aire e Serro Ventoso, e extensões em Alqueidão da Serra e Mendiga.

O município conta com cerca de 23.200 habitantes distribuídos em 10 freguesias.

LUSA/HN

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