A desaceleração da inflação ao longo deste ano e os recentes sinais positivos do último mês levaram o Banco Central Europeu (BCE) a decidir baixar as taxas de juros de referência, que influenciam os custos de financiamento de indivíduos e empresas no espaço da moeda única.

Na reunião desta quinta-feira, o principal órgão de decisão do BCE cumpriu as expectativas de analistas de mercado e reduziu as três taxas de juro directoras em 25 pontos base em relação aos valores fixados na última reunião, de Setembro. Com esse corte, a principal taxa passa de 3,5% para 3,25%.

É a segunda redução seguida decidida pelo BCE e a terceira deste ano: houve uma primeira em junho e outra em setembro. Agora, a instituição liderada por Christine Lagarde decidiu repetir o corte diante da melhora de resultados na inflação, que em setembro ficou num patamar inferior a 2%,

Nenhuma declaração emitida a partir de Liublianana Eslovênia, onde ocorreu a reunião desta quinta-feira, o conselho BCE justifica que “a informação que tem sido disponibilizada sobre a inflação indica que o processo desinflacionário está bem encaminhado” e, ressalta, “as perspectivas de inflação também são afetadas por recentes surpresas para baixo dos indicadores de atividade econômica” e as condições de financiamento permanecem “restritivas”.

Depois de uma primeira queda na principal taxa em junho de 4% para 3,75%, e de em julho decidir manter o valor inalterado, o BCE reduziu a taxa em setembro para 3,5% e foi diante da evolução da inflação no conjunto dos 20 países que compartilha o euro que entendeu manter a trajetória de queda das taxas.

A inflação recuou de 2,6% para 2,2% em Agosto e, já em Setembro, ficou nos 1,7%.

Apesar disso, o BCE alerta no comunicado desta quinta-feira que “a inflação deve subir nos próximos meses, caindo depois” para confluir para o objetivo do BCE. “A inflação interna mantém‑se alta, porque os salários ainda estão aumentando em ritmo elevado. Ao mesmo tempo, as pressões sobre os custos trabalhistas devem continuar a registrar um abrandamento gradual, com os lucros amortecendo parcialmente o impacto dessas pressões na inflação”, afirma o conselho.

Apesar de ter baixado as taxas em duas reuniões consecutivas, o BCE não abre o jogo sobre o que fará nos próximos meses, dizendo que “continuará a seguir uma abordagem dependente de dados e reunião por reunião”, não se comprometendo “previamente com uma trajetória de alíquotas específica.”

As “decisões sobre as taxas de juro basear‑se‑ão na avaliação das perspectivas de inflação, à luz dos dados económicos e financeiros que forem sendo disponibilizados, da dinâmica da inflação subjacente e da robustez da transmissão da política monetária”, salienta, dizendo-se “determinado” a assegurar “o retorno atempado da inflação ao seu objectivo de médio prazo de 2%.”

O BCE é responsável por fixar três taxas de juros oficiais: a da facilidade permanente de depósito, que corresponde à taxa a que os bancos podem constituir depósitos no banco central, servindo, portanto, de referência para determinar os custos dos empréstimos pedidos pelos bancos junto do Eurosistema; a taxa de juros aplicável às operações principais de refinanciamento, que tem um diferencial (menor) de 15 pontos-base em relação à anterior, fixa o custo dos empréstimos solicitados pelos bancos pelo período de uma semana; e a taxa de juros da facilidade permanente de cedência marginal de liquidez corresponde à taxa na qual os bancos podem obter liquidez

Todas baixaram. A mais importante, passou dos tais 3,5% para 3,25%. A das operações principais de refinanciamento, que estava em 3,65%, caiu para 3,4%; e a taxa de facilidade permanente, até aqui em 3,9%, recuou para 3,65%. Os novos valores produzem “efeitos a partir de 23 de outubro”, indica o BCE no comunicado.

A taxa da facilidade permanente de depósito é a que mais influencia a trajetória das taxas Euribor, que, por sua vez, são relevantes para a definição dos custos suportados pelos clientes bancários nas prestações da habitação. Em Portugal, a grande maioria dos financiamentos é contratada com taxas variáveis ​​(Euribor a 12, a seis e a três meses).