A Unidade Local de Saúde (ULS) Santa Maria, em Lisboa, vai abrir no próximo mês 11 camas de internamento de pedopsiquiatria dirigidas a jovens a partir dos 14 anos. O serviço vai funcionar no Hospital Pulido Valente.
Estava previsto que esse serviço começasse entre o final do ano passado e o início deste ano. Mas será em novembro que a ULS planeja abrir os primeiros leitos da nova Unidade Compartilhada de Internação de Adolescentes (UPIA), localizada no Hospital Pulido Valente. Essa unidade, explica a ULS Santa Maria, na resposta enviada por escrito, é fruto de uma parceria entre o Serviço de Psiquiatria e Saúde Mental e o Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência.
Essa unidade “terá capacidade total de 11 leitos, destinados a jovens com idade igual ou superior a 14 anos”. A abertura dos leitos, “por questões de total segurança e tendo em vista que se trata de uma nova unidade, será feita de forma gradual”.
A ULS Santa Maria acrescenta que “o processo de recrutamento e de treinamento de profissionais com perfil de grande diferenciação para o setor de internação da nova unidade está em sua fase final”. E destaca que “esses adolescentes e jovens já têm resposta em consultas e Hospital Dia que funcionam na nova unidade há mais de meio ano”, acrescentando que já “foram realizadas mais de 70 consultas e perto de 800 sessões de Hospital Dia a adolescentes ” na unidade compartilhada de internação”.
A abertura do internamento vem ajudar a responder a um cenário marcado por várias dificuldades nos últimos anos, nomeadamente por causa da escassez de leitos que se faz sentir especialmente na área em do país. E vem também colmatar uma necessidade há muito identificada.
Até agora, havia quatro serviços de internação no país: na ULS Santo António, na ULS Coimbra e na ULS São José. Esta última conta com internamento no Hospital Dona Estefânia e no antigo Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa (CHPL) direcionadas para jovens entre 15 e 25 anos. Os quatro serviços de internação somam 45 leitos, segundo a respectiva rede de referência hospitalar para psiquiatria da infância e adolescência.
Nesse documento estava identificada a necessidade de se aumentar a capacidade de resposta nesta área, por via da “expansão do número de camas de internamento para um mínimo de 72, correspondente a um rácio de 4/100.000 habitantes com idade inferior a 18 anos”.
A falta de profissionais nessa área também tem sido um problema, já o referia a rede de referenciação ao assinalar que o número de enfermeiros se mantinha “escasso” em muitos serviços. De acordo com o anuário estatístico de 2023, o último publicado pela Ordem dos Enfermeiros, há 2745 enfermeiros registrados com a especialidade de saúde mental e psiquiátrica.
Quanto ao número de médicos especialistas em pedopsiquiatria, em março deste ano eram 142 a trabalhar no SNS, segundo avançou o Observador naquele mês. Mas estimativas da Ordem dos Médicos apontam para a necessidade de cerca de 200 psiquiatras infantis no Serviço Nacional de Saúde (SNS) para atender todo o país.
Segundo dados enviados ao PÚBLICO, ainda pelo anterior Ministério da Saúde em Abril deste ano, entre 2019 e 2023 terminaram a formação especializada em psiquiatra da infância e adolescência 60 médicos. Destes, 70% mantinham em Fevereiro um vínculo com o SNS.