Falta de criatividade de Renato Sanches, movimentações unidimensionais de Amdouni e pouca presença na área com Arthur Cabral contra o Santa Clara, pela Copa da Liga. Nesta quarta, o Benfica tinha um grande mal – a rigor, eram até três – e aplicou um grande remédio, com triunfo por 3 a 0 que leva o time às semifinais.
Quantos treinadores podem tirar do banco gente do calibre de Kokçu, Di María e Pavlidis? Poucos. E Bruno Lage teve impacto imediato com o que fez.
A entrada de Kokçu destravou o jogo “mastigado” de Renato Sanches, a entrada de Di María, principalmente por estar tão fresco contra adversários desgastados, dotou o time de soluções mais variadas do que com Amdouni e melhorou o desempenho de Bah e Aursnes e, por fim, a entrada de Pavlidis obrigou o Santa Clara a ter zagueiros ocupados com dois atacantes ao mesmo tempo. E tudo se construiu facilmente.
Renato pouco útil
Para este jogo, Bruno Lage manteve o desenho do jogo anterior, com algo mais próximo de um 4x4x2, deixando de vez o 4x3x3. Akturkoglu permaneceu como segundo atacante, Renato foi o Kokçu deste jogo e Amdouni foi o Di María.
Estas duas alterações até nem parecem ser demasiadas trocas, mas a dinâmica de jogo mudou radicalmente.
No meio, porque Renato Sanches em ataque posicional é um jogador bastante menos útil do que Kokçu. Falta-lhe último passe (só aos 36’ fez um), fluidez na circulação e criatividade, sendo mais capaz quando há espaço para correr – e ele não existia frente a um bloco baixo e de linhas bem juntas.
Na direita, porque Amdouni, por indicação de Lage ou não, sempre forçava movimentos internos, mas sem ter o pé esquerdo que ajudasse a criar por dentro.
Diante de uma defesa de cinco bem densa e uma segunda de quatro também bastante junta, faltava capacidade de pedir em apoio e arrastar defensores – algo que Di María consegue fazer.
Amdouni travava Aursnes
Curiosamente, o jogo começou com um movimento vertical de Aursnes pedindo no espaço, em jogada que terminou com cabeçada de Beste e grande defesa de Gabriel Batista.
Mas essa movimentação do meia do Benfica – muito vista e absolutamente decisiva no jogo anterior – acabou sendo um oásis, já que Aursnes abdicou desses movimentos, talvez por Amdouni ser um relativo “empecilho” naquela área, por fazer movimentos nesses terrenos, ao contrário de Di María.
Na esquerda, Beste e Carreras conseguiram algumas combinações interessantes, mas o alemão, se marcado de perto, também se torna previsível, por não ter um contra um – é mais forte quando tem espaço para cruzar, algo em que é exímio.
Não era difícil adivinhar que Renato e Amdouni acabariam dando os lugares para Kokçu e Di María e isso aconteceu logo no intervalo.
Arte de Di Maria
O argentino, com muito maior variabilidade de movimentações, ora por dentro, ora por fora, criou maior dúvida nos defensores, permitiu que Bah pisasse em outros terrenos e também abriu um espaço para Aursnes aproveitar vindo de trás.
Isso abriu um mundo de possibilidades para os “encarnados”, que criaram vários lances de perigo, sobretudo através de cruzamentos não finalizados e de incursões de Di María de fora para dentro, quando Bah e Aursnes fixavam os adversários.
Aos 71′, o Benfica fez algo bastante sagaz. Depois de 25 minutos “carregando” insistentemente no lado direito, variou para o esquerdo, contando com a inadequação do adversário a essa variação repentina. Carreras e Pavlidis trabalharam bem, o grego cruzou e então a mágica foi feita.
De primeira, no ar e na virada, Di María deu um chute tremendo, com certeza marcando um dos melhores gols da carreira.
Aos 76′, Kokçu deu um passe tremendo para rasgar toda a defesa, liberou Carreras e o espanhol assistiu Pavlidis para um gol muito aguardado por alguém em “seca” de gols. Aos 81′, cruzamento de Di María encontrou Otamendi, que deu assistência para Pavlidis fazer 3 a 0.
Entre Kokçu, Di María e Pavlidis foram três gols, uma assistência e duas participações indiretas em gols.