A presidente da Comissão Europeia, Úrsula von der Leyenanunciou um pacote de assistência financeira no valor de 35 mil milhões de euros de ajuda à Ucrânia durante a sua visita a Kiev esta sexta-feira.
A parcela de ajuda faz parte de um programa de empréstimos ao abrigo do G7 com base nos proveitos futuros dos activos russos congelados. “Os ataques russos constantes significam que a Ucrânia necessita do apoio contínuo da União Europeia”, afirmou a presidente da comissão no início da visita a Kiev. “Esta é outra grande contribuição da UE para a recuperação da Ucrânia”, acrescentou Von der Leyen, referindo-se ao empréstimo anunciado.
Na véspera, a presidente do executivo europeu já tinha revelado que Bruxelas queria apoiar com 160 milhões de euros a reconstrução das infra-estruturas energéticas ucranianas destruídas pelos bombardeamentos russos. Com a aproximação do Inverno, avolumam-se os receios quanto à capacidade de o sistema energético da Ucrânia de fazer face ao aumento das necessidades da população nos próximos meses.
Ao lado de Von der Leyen, que visitou a Ucrânia pela oitava vez desde o início da invasão em larga escala, o Presidente Volodymyr Zelensky detalhou como é que as autoridades ucranianas pretendem usar o empréstimo concedido. “Iremos gastar estes 35 mil milhões sobretudo em energia, na defesa, em abrigos anti-bomba para as crianças nas escolas, jardins-de-infância e nas universidades”, afirmou.
No mesmo discurso, Zelensky voltou a pedir decisões rápidas aos seus aliados das quais o seu “plano de vitória” sobre a Rússia dependem. Em causa está não apenas a assistência financeira, mas também a autorização que Kiev ainda aguarda para que possa usar mísseis de longo alcance fornecidos pelos membros da NATO para atacar alvos no território russo.
O empréstimo agora concedido tem por base o acordo alcançado em Junho entre os membros do G7 que prevê o envio de 50 mil milhões de dólares (44,8 mil milhões de euros) para a Ucrânia assegurados pelos proveitos dos activos bancários russos congelados no Ocidente. O bolo total do empréstimo seria dividido entre os membros do G7 de acordo com o seu peso económico: os EUA e a UE garantem 20 mil milhões de dólares, enquanto os restantes membros (Canadá, Japão e Reino Unido) fornecem o resto.
No entanto, o acordo corre o risco de cair por terra por causa da oposição dos EUA em aceitar conceder o empréstimo caso a UE não reforce as sanções sobre os activos russos. Neste momento, a Hungria tem bloqueado a aprovação de novas sanções à Rússia.
Para contornar a situação, a Comissão Europeia decidiu aumentar a parcela do empréstimo e financiou-a através do orçamento comunitário, embora os Estados-membros tenham mostrado relutância, segundo o Financial Times. O valor de 35 mil milhões de euros anunciado esta sexta-feira foi o meio-termo encontrado para desbloquear o financiamento que a Ucrânia considera urgente, enquanto Washington e Bruxelas tentam chegar a um entendimento.