O PS vai pedir a audição parlamentar do diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para explicar o motivo da demissão do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde Almada-Seixal (ULSAS), no distrito de Setúbal.

O anúncio foi feito hoje pelo deputado socialista João Paulo Correia na comissão de Saúde, durante a audição dos diretores de serviço e coordenadores que assinaram o abaixo-assinado em solidariedade com a Administração da ULS de Almada-Seixal, demitida em setembro.

A audição dos diretores foi requerida pelo Bloco de Esquerda.

Para o deputado socialista, a demissão em causa foi política e sem sustentação técnica e o silêncio da direção executiva demonstra isso mesmo.

“O PS já fez duas perguntas à ministra da Saúde e a ministra remete para a direção executiva, que segue em silêncio. É sinistro que a ministra da Saúde diga que a administração foi demitida e não há nova”, frisou.

A direção executiva do Serviço Nacional de Saúde decidiu, no início de setembro, afastar o Conselho de Administração da ULSAS, que inclui o Hospital Garcia de Orta.

Na ocasião, diretores de serviço do Hospital Garcia de Orta, coordenadores de centros de saúde do agrupamento Almada–Seixal, enfermeiros gestores e técnicos coordenadores se manifestaram contra a demissão em abaixo-assinado onde afirmaram discordar da decisão e reiteraram “toda a confiança na atual equipe gestora e na continuidade dos projetos em andamento”.

O documento foi assinado por 36 diretores de serviço do Hospital Garcia de Orta, pelos coordenadores de 23 Unidades de Saúde Familiar, 16 enfermeiros gestores e nove técnicos coordenadores.

O Conselho de Administração é presidido pela farmacêutica Maria Teresa Luciano, que foi nomeada em janeiro 2024 e que será substituída por Jorge Seguro Sanches, um militante do Partido Socialista (PS) que foi deputado e que assumiu as pastas de secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional e de secretário de Estado da Energia em governos liderados por António Costa.

Um mês e meio depois da sua demissão, Maria Teresa Luciano ainda se mantém em funções, não tendo qualquer indicação formal sobre quando cessará funções.

A diretora do serviço de Medicina Nuclear do Hospital Garcia de Orta, Ana Isabel Santos, explicou aos deputados que a notícia foi comunicada aos diretores e coordenadores durante uma reunião de trabalho com o Conselho de Administração e que caiu “quem nem uma bomba”.

“Ficámos surpresos porque não entendíamos e continuamos sem entender. Os motivos da demissão não nos foram comunicados”, disse.

Afirmando que foi com agrado que viu surgir de forma espontânea um movimento solidário, a diretora de serviço, que está no hospital Garcia de Orta há 28 anos, defendeu que os projetos não podem ser amputados a meio, criando instabilidade.

O mesmo foi defendido pela gestora do serviço infecciologia, enfermeira Maria Albertina Gonçalves, pela diretora dos técnicos superiores de diagnósticos e terapêutica, Ana Paula Martins, e pela coordenadora médica da Unidade de Saúde Familiar Fernão Ferro Mais da ULSAS, Sénia Guerreiro.

LUSA/HN

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