Miguel Albuquerque, presidente do Governo regional da Madeira, está no centro de um plano de origem criminosa que teve o objetivo de financiar ilegalmente a campanha eleitoral do partido PSD Madeira nas eleições de setembro de 2023, segundo apurou o AGORAque teve acesso ao despacho do Ministério Público da Operação ‘AB INITIO’.
De acordo com a mesma fonte, o presidente da Madeira terá participado numa reunião na sua residência oficial, na Quinta da Vigia, na qual terão sido “conversadas formas de financiamento do partido, tendo em vista a campanha eleitoral”, pode ler-se no despacho.
“Ficou igualmente acordado que o financiamento e fornecimento” de bens por parte do empresário Humberto Drumond, um dos oito detidos pela Polícia Judiciária, “deveria ocorrer de forma irregular, inclusivamente através de contratos públicos de montante propositadamente inflaccionados” a sociedades do empresário, com “facilidades de pagamento e manipulação de faturas”, escreveram as procuradoras Leonor Cardiga e Isabel Santos.
As buscas realizadas esta semana pela Polícia Judiciária, no âmbito da Operação ‘AB INITIO’, indiciaram a existência de uma contabilidade paralela entre empresas de Humberto Drumond e Miguel Nóbrega e o PSD local. Seria através de um esquema de subfaturação ao partido por serviços prestados para campanhas eleitorais e posterior recebimento da diferença através de concursos públicos que, durante vários anos, funcionou o eventual financiamento ilegal.
Recorde-se que o presidente da Câmara da Calheta, Carlos Teles, e o antigo secretário regional da Agricultura Humberto Vasconcelos, bem como Humberto Drumond e Miguel Nóbrega, sócios da Dupla DP, uma agência de comunicação, publicidade e marketing, o ex-diretor regional da Agricultura Paulo Santos, Bruno Freitas, Instituto de Administração da Saúde da Madeira (Iasaúde) e duas funcionárias públicas foram detidosesta terça-feira, tendo ficado em liberdade esta sexta-feira.