O poeta José-Alberto Marques, nascido em 1939, morreu na passada quarta-feira, em Abrantes, anunciou a revista Nervocom a qual colaborou e onde publicou, este mês, o seu último poema.

“Um poeta com uma linguagem única, de enorme originalidade, experimentalismo e liberdade. Pioneiro na poesia experimental e visual, tem uma obra vastíssima, talvez pouco conhecida, e que merece que voltemos a ela e a possamos reler com a qualidade e audácia com que o poeta a escreveu”, afirma o coletivo Nervo, responsável pela edição da revista.

Segundo os meios de comunicação social locais, da região de Abrantes, o velório de José-Alberto Marques realiza-se esta sexta-feira a partir das 18h00, na Capela de Sant’Ana, naquela cidade, onde no sábado, pelas 9h30, se celebra a cerimónia religiosa, seguindo o funeral para o Crematório do Entroncamento, onde terá lugar a cerimónia de cremação pelas 11h00.

Um dos últimos poemas de José-Alberto Marques, publicado na Nervo, intitula-se “colocarei bibliotecas em todos os cantos”.

Natural de Torres Novas, o poeta estava ligado, desde finais da década de 1950, ao movimento da poesia experimental.

Segundo o portal das bibliotecas públicas do Médio Tejo, “a obra de José-Alberto Marques alia a experimentação fono e grafossemântica com um lirismo autobiográfico e uma aguda consciência social e política”. “O quotidiano pessoal é reenviado ao espaço social coletivo, e a insistente presença de um e de outro são reflexivamente interrogadas pela materialidade da língua e da escrita”.

Outra reflexão sua era “sobre a possibilidade de transformação política e social do Portugal pós-revolucionário”, lê-se no portal.

José-Alberto Marques frequentou a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que abandonou, vindo a licenciar-se em História pela Faculdade de Letras da mesma universidade. Radicou-se em Abrantes na década de 1960, onde foi professor de Língua Portuguesa na Escola D. Miguel de Almeida.

O poeta recebeu 1.º Prémio Nacional de Literatura Infantojuvenil, nas comemorações dos 20 anos do 25 de Abril, com o livro “A Magia dos Sinais”, saído em 1996. Nesse ano, o município distinguiu-o com a Medalha da Cidade.

Em Abrantes, foi dirigente da Casa do Benfica, tendo publicado um livro de poesia sobre futebol, “Águias sobrevoando”, e, numa homenagem à cidade de Abrantes, “Zara”, com a chancela da edilidade.

Segundo a rádio Antena Livre, a sua bibliografia conta mais de 20 títulos, entre os quais “Loendro”, “Sala hipóstila”, “As tiras da roupa de Macbeth” e “Eu Disse que Baudelaire Andava a Pé”, integrado na coleção Alma, do semanário O Mirante.