Os consumos de água no Algarve diminuíram desde maio entre 9,6% no setor urbano e 35% na agricultura, com a região a manter até final do ano as restrições definidas nesse mês, revelou esta sexta-feira a ministra do Ambiente.

“Todos fizeram um esforço, mas há alguns setores que cumpriram mais do que outros. O setor da agricultura foi o que fez o maior esforço”, destacou aos jornalistas Graça Carvalho, após a reunião da Sub-comissão Regional da Zona Sul da Comissão de Gestão de Albufeiras, realizada em Faro.

Em maio, o Governo liderado por Luís Montenegro tinha aliviado as restrições impostas aos consumos de água na agricultura e no setor urbano no Algarve, inicialmente definidas em fevereiro pelo anterior executivo, liderado por António Costa, para fazer face à seca na região.

“Ficou acordado que a agricultura e o turismo faziam um esforço de 13% de poupança de água. A agricultura fez de 35%, os aldeamentos e os empreendimentos que aderiram ao selo ‘Save Water’ pouparam 14%, o golfe fez um esforço grande, poupou 22%, e os municípios, que deveriam poupar 10%, ficaram em 9,6%”, especificou a governante.

Graça Carvalho admitiu, porém, que “há uma desigualdade” entre municípios, acrescentando: “Há municípios que pouparam bastante e há outros que não pouparam, ficaram mais ou menos iguais”.

Neste sentido, a ministra do Ambiente e Energia garantiu que, até final do ano, vão manter-se as restrições definidas em maio.

“Não há um agravamento porque, em média, conseguimos superar aquilo que queremos poupar e, portanto, podemos dizer: o Algarve, como um todo, poupou água acima do que aquilo que nós pretendíamos. Isso é muito bom. Estamos com 16 hectómetros cúbicos a mais do que no ano passado na mesma altura. Mas dizer que o ano passado foi um ano de uma seca muito rigorosa, e temos de continuar a fazer um grande esforço”, assinalou.

O relatório final será efetuado no fim de 2024 e o Governo promete atuar se os municípios ou outros setores “continuarem a não poupar”, ajustando as medidas em função dos gastos e da disponibilidade de água.

Além da poupança no consumo, a ministra realçou que é preciso “ter novas fontes de água” e sublinhou o conjunto de investimentos para o Algarve neste setor, orçado em 360 milhões de euros, com 260 milhões oriundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Graça Carvalho adiantou que o concurso de adjudicação da obra da estação de dessalinização, a construir no concelho de Albufeira, “já está na fase final”, e que o financiamento a 100% pelo PRR será garantido se a obra for rapidamente executada.

“Se o projeto andar depressa, não haverá problema em ser todo financiado pelo PRR, porque nós precisamos de projetos que executem rápido. Se tudo correr bem, ele pode ser financiado 100% pelo PRR. Eu espero que essa seja a solução”, referiu a ministra.

O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), António Miguel Pina, alertou em agosto que faltam 50 milhões de euros para financiar a obra da futura dessalinizadora, face ao apoio previsto no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

“A obra inicialmente tinha uma determinada perspetiva de valor e hoje, sabemos, ficará entre os 106, 108 milhões (de euros). Foram as duas propostas apresentadas nessa ordem de valores, o que significa que faltam mais 50 milhões (de euros) para financiar a 100% este investimento”, disse na altura o autarca.

Por outro lado, a ministra do Ambiente e Energia reunirá na próxima semana com a sua homóloga de Espanha, Teresa Ribera, para finalizar o acordo entre os dois países que permitirá o avanço da captação de água do rio Guadiana, na zona do Pomarão, concelho de Mértola, distrito de Beja, para abastecimento ao Algarve.