O 58.º jogo oficial entre Portugal e Espanha teve muitos golos (5-5), reviravolta no marcador, e uma decisão da marca dos penáltis (1-2), com a selecção nacional a não conseguir resolver a questão no prolongamento e a ver os espanhóis avançarem para a final com a Argentina.
Em Novara, a Espanha entrou em pista com maior agressividade com bola. Aproveitando essencialmente os bloqueios laterais, conseguiu um punhado de situações favoráveis para bater e testou por várias vezes a atenção de Ângelo Girão, através de remates de meia distância. Era uma estratégia razoavelmente controlada por Portugal, que soube também lidar com as segundas bolas.
A alternativa espanhola passava por activar o jogador interior no seu 3×1, fosse ele Pau Bargalló ou Martí Casas, enquanto Portugal procurava essencialmente combinações no corredor esquerdo. Ainda conseguiu duas finalizações dentro da área, uma delas com Hélder Nunes em posição favorável, mas o domínio era essencialmente espanhol.
Mas porque o domínio com bola não significa vantagem no marcador, a seleccão portuguesa aproveitou uma transição para inaugurar o marcador, aos 16′. Foi um 3×2 bem executado, em que João Rodrigues encontrou o homem livre e Hélder Nunes fez o resto: levantou a bola e stickou no ar, à entrada da área, com precisão.
Na sequência do lance, Hélder foi atingido no rosto e precisou de assistência, mas recompôs-se. E Portugal não perdeu o norte, mesmo quando viu o adversário forçar situações de 1×1 nos corredores. Já com uma rotação profunda do “cinco” inicial, Gonçalo Alves trabalhou bem atrás da baliza e libertou a bola para um remate de longe de Xavi Cardoso. 2-0 aos 17′.
Só que dois golos de vantagem no hóquei em patins têm pouco peso, especialmente frente a adversários da qualidade da Espanha. E a reacção não se fez esperar: em três minutos apenas, conseguiu dar a volta ao marcador, com Marc Grau a bisar (no segundo golo Ângelo Girão parece ser mal batido) e Alabart a fazer o 2-3, após um excelente raide individual pelo corredor central.
O balão da pressão passava para o lado de Portugal, que respondeu com uma stickada de longe de Hélder Nunes e um desvio oportuno de Gonçalo Pinto, mas o 3-3 também durou pouco, porque uma triangulação colocou Pau Bargalló na cara de Girão e, mesmo pressionado, o reforço do Benfica fez mesmo o 3-4, com que se chegou ao intervalo.
O segundo tempo foi muito menos aberto e, apesar de uma menor margem de risco, Zé Mirando ainda enviou uma bola ao poste, sendo que os ferros da baliza portuguesa também se fizeram ouvir a 12 minutos do fim. Espanha procurava alagar a margem para gerir com mais tranquilidade, mas sem se expor em demasia ao empate.
Não raras vezes Portugal (primeiro por João Rodrigues, depois por Gonçalo Pinto) procurou jogar atrás da baliza para explorar uma picadinha ao primeiro poste, ameaças que os adversários foram controlando. O que já não conseguiram controlar foi um golo a dois tempos de Hélder Nunes, aos 39′: um primeiro remate foi devolvido pela tabela e o jogador do FC Porto ainda foi a tempo da recarga.
Logo de seguida, Gonçalo Alves teve no stick a possibilidade do 5-4, num livre directo a castigar a 10.ª falta espanhola, que o guarda-redes Carles Grau conseguiu travar. Ângelo Girão não quis ficar atrás e anulou um 1×0 de Marc Grau instantes depois. Mantinha-se a igualdade.
Ainda havia, porém, mais dois golos guardados para os últimos dois minutos. Primeiro foi Bargalló a aproveitar uma escorregadela de Zé Miranda para marcar de longe, depois o próprio Zé Miranda a responder na mesma moeda para fixar o 5-5.
Seguiu-se um prolongamento sem golos e o desempate por penáltis. Falhou o primeiro a Espanha, marcou João Rodrigues, depois inverteu-se a lógica e só Bargalló marcou daí em diante. Portugal está fora do Mundial. O título ficará nas mãos da Espanha ou da Argentina.